risco
domingo, 11 de janeiro de 2015
O Signo
quarta-feira, 7 de janeiro de 2015
Wall-E e os desafios éticos da automatização
“A máquina é aquilo pelo qual o homem se opõe à morte do universo…”
Gilbert Simondon
Wall-E (2008) (trailer) é um dos filmes da Disney mais aclamados pela crítica, mais bem cotados no IMDB, e talvez o mais provocador. É tido por alguns como genial e abominado por outros que o consideram propaganda esquerdista. Aborda principalmente dois assuntos que se relacionam: a acção devastadora da ideologia dominante e as implicações da evolução tecnológica.
Em Wall-E, a Axiom, nave espacial gerida pela companhia Buy&Large que transporta todos os seres humanos evacuados da Terra, é uma projecção da acção da ideologia dominante num estado muito avançado, crítico, em que o domínio sobre a sociedade é absoluto e o livre-arbítrio é quase nulo.
Recuso-me a considerar este cenário pós-apocalíptico uma hipérbole porque encontro na actualidade uma série de factores que apontam na sua direcção:
1) Nos últimos anos temos visto pequenas e grandes empresas a aglomerar-se, formando empresas cada vez maiores e mais poderosas. Estamos a ser progressivamente mais dominados por menos pessoas.
2) A cadeira flutuante em Wall-E surgiu para permitir que a avozinha enfraquecida se deslocasse melhor na Axiom, mas rapidamente se tornou o meio de deslocação primário para todas as pessoas. Isto assemelha-se ao modo como a Internet surgiu para permitir comunicações à distância, e passou a ser uma forma natural de contactarmos com pessoas que nos estão próximas fisicamente. Estamos a esquecer-nos da importância do contacto físico por sucumbirmos à “comodificação como prática ideológica” (John Fiske em Introdução ao Estudo da Comunicação).
3) Essa comodificação não actua só sobre forma como nos deslocamos, mas também sobre como lidamos com a demanda imparável por quantidade de informação. Tecnologias emergentes como o Google Glass exaltam a superimposição de camadas de informação na nossa visão, que já não é suficiente para tomarmos conhecimento do mundo. Somos incapazes de estar desligad@s. (Now Generation, dos Black Eyed Peas, retrata bem este modo impaciente de estar na vida)
4) Há todo um espectáculo maravilhoso da tecnologia, que é sempre vendida como proporcionadora de grandes emoções, como já acontece no presente (tomemos como exemplo este vídeo de divulgação do mesmo Google Glass).
“Com a valorização do mundo das coisas aumenta em proporção directa a desvalorização do mundo dos homens”
Karl Marx (1993) «O Trabalho Alienado» in Manuscritos Económico Filosóficos. Lisboa: Ed. 70.
A ironia do filme reside no facto de os dois robots Wall-E e EVE serem as duas únicas personagens que demonstram initmidade e se preocupam com a vida e com o amor. A própria humanidade já não sabe porque vive.
Como chegaram àquela situação?
Nesta TED Talk, Jeremy Howard apresenta-nos a tecnologia do deep learning de forma muito clara, à parte o facto de não ir para além dos benefícios a curto e médio prazo, ignorando completamente as implicações a longo prazo. Foi uma óptima oportunidade para alertar as pessoas para a importância de se pensar estes assuntos, desperdiçada.
A substituição da mão-de-obra humana por maquinaria tem possibilitado à minoria dominante enriquecer ainda mais, anulando progressivamente as fontes de rendimento da maioria explorada e acentuando o desequilíbrio na distribuição da riqueza.
O documentário Humans Need Not Apply, por C.G.P. Grey, mostra-nos as implicações da automatização do trabalho e mostra-nos de que forma esta revolução inédita já está a decorrer, deixando-nos uma pergunta final alarmante: “o que fazer num futuro em que, para a maioria dos empregos, os humanos não são elegíveis”? Wall-E apresenta-nos uma resposta possível a esta pergunta.
“I was going with just the logic of what would happen if you were in a perpetual vacation with no real purpose in life.”
Andrew Stanton, realizador de Wall-E, em entrevista
E depois de Wall-E, por onde começar a reflexão?
A minha opinião pessoal sobre o desenvolvimento tecnológico foi muito influenciada pelas ideias de Baudrillard e Paul Virilio, por alguns rotulados como tecnopessimistas. Baseio-me na ideia de que a associação entre “rápido” e “melhor” é falaciosa para questionar esta cultura de aceleração constante e irreversível em que vivemos, em que se valoriza dogmaticamente a velocidade. Os benefícios da velocidade e do “mais fácil” são apenas miragens agradáveis deduzidas de uma projecção a curto prazo — a longo prazo os seus resultados são simplesmente desastrosos. A velocidade infinita é o fim de tudo. O que nos espera no final do caminho da aceleração é não mais do que o fim.
No entanto, já existe muito trabalho feito nesta área da pós-humanidade, da futorologia, do transhumanismo e das questões filosóficas e éticas que acarretam, e uma brevíssima pesquisa sobre estes temas fez tremer as minhas convicções sobre o progresso tecnológico: em comparação com toda esta investigação, são tão ínfimos os conhecimentos e leituras em que estão fundamentadas as minhas opiniões, que me sinto tentado a considerá-las crenças.
Wall-E e Humans Need Not Apply são apenas um forte primeiro alerta para a urgência de pensar o futuro da humanidade. A partir daqui o caminho é aprofundar estes temas, discuti-los e divulgá-los. Ou queremos caminhar às cegas em direcção a um futuro desconhecido...?
Padronização de Bens
Género Musical ou Identidade?
Se ela ouve aquilo, se ele ouve isto, parece que a música também se apresenta como barreira a um processo de comunicação que está inerente à nossa condição, à nossa condição de ser que apesar de alienado insiste em não viver separado de tudo e todos.
Tomando o exemplo dos fãs de um novo estilo musical, desta maneira o classifico pois assume-se como uma mudança e desajuste à nossa cultura portuguesa, apesar de já trazer consigo a história de um país, a Coreia do Sul, falo então, da cultura popular sul coreana concretizada numa única palavra K-Pop (A letra "K" que advém do Inglês "Korea" juntamente com a palavra abreviada "Pop" - "Popular"), é onde se insere também o seu estilo de música próprio, tal como nós temos o Fado e, agora mais recentemente, o Cante Alentejano, como património cultural.
Nós, seres humanos, temos tendência para temer o desconhecido, repelir o que nos é estranho, o que está separado de nós, o que nos rodeia, a surpresa no primeiro instante é inevitável pois o medo daquilo que não adquirimos é físico e sensível, inexplicavelmente involuntário, e provoca-nos as mais variadas sensações, porque a arbitrariedade que nos está implícita torna tudo imprevisível, e isso devia fascinar-nos, mas o contrário é normalmente a regra. Esse medo torna-se rapidamente em preconceito que por sua vez advém de estereótipos que se impõem pela sua credibilidade e não pela sua verdadeira índole, o que faz com que o racismo seja completamente ridículo.
Racismo, é um termo forte sem dúvida, mas é extremamente aplicável ao exemplo que dei anteriormente, os fãs deste tipo de música são verdadeiros guerreiros em campo, trazer para o seio familiar este tipo de cultura totalmente distinta da nossa, tanto no mapa como na música, chega a ser doloroso, eu diria até dramático, se é que me permite o exagero, a aceitação não é de todo fácil ou bem sucedida, o impacto é grande e muitas das vezes leva à própria descriminação familiar; para justificar tal afirmação vou tomar como exemplo a minha própria situação pessoal, «gostar de ouvir músicas de olhos em bico "é lixado"» - peço desde já desculpas pelo infeliz termo utilizado, mas não tenho qualquer outra palavra para o descrever, a não ser uma de calibre mais elevado, mas não quero causar distúrbios e muito menos escrever qualquer tipo de injúria - começando pelo termo "olhos-em-bico" que se torna generalizado a todos os povos asiáticos, já por si depreciativo quando dito com uma expressão de repulsa ainda se torna mais notória a dificuldade na aceitação de uma realidade, que também está presente no mundo em que vivemos, ou pelo menos está assinalada no mapa. Para além da panóplia de alcunhas atribuídas a um povo que apresenta qualidades distintas de tantos outros povos asiáticos, existe também a barreira da linguagem, essa sim, oferece uma resistência tremenda, enquanto que a anterior sendo ignorada é facilmente ultrapassada - "O quê? Tu ouves isto? Não se percebe nada do que eles dizem..." - eu acho extremamente engraçado este tipo de comentários, porque numa primeira análise, sim, eu oiço músicas sobre as quais não tenho qualquer entendimento acerca do dialecto nelas presente, mas o que faz com que esse tipo de constatação, mais uma vez repulsiva, não seja um ataque válido, é que na música, tal como na imagem, estão inseridas múltiplas mensagens, muitas das vezes as músicas aparecem também acompanhadas com os seus respectivos conteúdos visuais, os tele-discos, os famosos videoclips, o que pressupõe uma interpretação variada, não só ao nível do entendimento linguístico como da compreensão de sonoridades e das próprias sensações causadas por determinado aglomerar de sons, repetidos ao longo de uma média de 3:00 e 5:00 minutos. O instrumental convive em separado com a letra, são duas mensagens diferentes, apesar da última esclarecer a primeira. Provando assim o quão infrutífero é o esforço para proporcionar o afastamento dos nossos sentidos à nossa compreensão. A barreira linguística é o argumento mais forte, mas os seus alicerces não são seguros. Quando éramos pequenos era fácil movermos-nos ao som de qualquer coisa que se parecesse com um êxito musical, fazíamos questão de perceber a letra? Não, estávamos simplesmente a expressar o que aquele som nos fazia sentir, alegria. É isso que eu sinto em relação ao K-Pop, sou da opinião que a música deve ser sentida, compreendida através dos sentidos e não do entendimento científico-linguístico que está presente na letra de determinada canção.
O K-Pop, tem várias dinâmicas, cores, estilos, mas o facto de ser conteúdo asiático, para muita da gente, já é prejudicial, muitas das vezes, a pressão é tão exacerbada que o indivíduo desiste do seu próprio sonho e da sua paixão, do ritmo da música que lhe corre nas veias, para ceder aos caprichos de uma sociedade que se baseia na boa publicidade e não na enriquecedora diferença cultural que se estende a todos nós.
A obra de arte na era da sua reprodutibilidade técnica
terça-feira, 6 de janeiro de 2015
Segredo
O segredo é uma ideia, uma ilusão posta nas nossas mentes para nos sentirmo-nos mais seguros, e exactamente igual a segurança dos aeroportos, a mesma que não deixa passar pistolas nem armas, e esquecesse de não deixar passar os carregadores do telemovel, no final de contas tudo é possivel, se um humam desejar, sem limitis a sua conciencia, matar um piloto ou passageiro, ele ir façelo, sempre pode estrangular lo só com um fio apenas. E apesar essa 'segura existir', o piloto encontraria-se morto. A illução de segurança existe para por as mentes humanas relaxadas. O mesmo assim se passa com a definição de segredo que tem vindo se a mostrar completamente falsificada.
O ser humano quer controlar, ter o poder de por as pessoas a pensar no que eles querem que elas pensem em, isto turnase fácil usado as palavra, fazendo que as pessoas não usem um determinado tipo de discurso. Pois nós pensamos com palavras, e os nossos sentimentos ideias iram ser exprimidas com as mesma. O seja, se estamos treinados a usar certo tipo de palavras, iram ser essas que nos firam a cabeça quando assim quisermos dizer algo.
A expressão 'Oh meu Deus' serve como por exemplo, pessoas usam na diariamente, até aquelas que não acreditam nesse 'Deus' mas estamos numa sociedade que quer que nos acreditemos, agora talvez nem tanto, porem a palavra e utilizada de bouca em bouca.
A Biblia serve para meter medo as pessoas, para polas a fazer algo, para controlar, que prova maior existe do que por uma pessoa fielmente a acordar cedo todos os domingo para ir a uma igreja, do que esta
A politica serve para controlar.
Topicos diferentes servem para destrair
e o segredo serve para uma pessoa sentirese nada mais nada menos do que segura, calma.
O que claramente é errado, pois um segredo deija de ser segredo no preciso momento que sai dos nossos labios, e é passado para outra pessoa 'consegues manter um segredo?' é a maior prova delas todas. O ser humano existe para viver em sociadade, aqueles que consegue se excluir e viver em armunia da humanidade são grandes exesoes que de facto merecem merito, mas a questão é que a maioria teme a solidao, teme ser anti social, e deseja partilhar viver, contar. De certo modo quer tirar da sua alma o pesso que carrega por não conseguir partilhar, tendo assim a vontade subita de contar o seu segredo que nunca existiu no primeiro lugar porque fora criado para ser dito.
Não se pode dizer que o bebe dentro da barriga da mae não era um menino só porque ela ainda não sabia o sexo dele. Quis manter segredo. E aqui esta, quis, mas sempre sabendo que iria descobrir no final.
Poderam pessoas dizer que isto não é bem verdade, que elas nunca partilharam os seus supostos segredos com ninguem. esse segredo infulvia alguem? então segredo não, mas se duas pessoas tem o mesmo segredo continua a ser segredo? como dizem 'é o nosso segredo' que acaba por ser uma desculpa de oucultar um facto.
E oucultar um facto não é bem um segredo, como os que dizem que não mentiram, só oucultaram, isto é verdade, mas esses não dizem que era um segredo tambem.
Ditadura da Magreza (2º comentário)
Quero esclarecer que, não pretendo desrespeitar as pessoas magras, pois estaria a desrespeitar-me a mim mesma. Neste texto, refiro-me apenas às mulheres/raparigas que procuram voluntariamente a extrema magreza. Não critico as que são muito magras porque lhes está no sangue e é algo genético (de família).
Cada vez é mais frequente ver-se casos de anorexia, uns por falta de alimentos em comunidades por todo o mundo e outros não por falta de alimentos mas por restrições que lhes são impostas ou que impõem a si mesmos.
O aumento de casos deve-se, na maioria das vezes, ao "mundo da moda" que nos apresenta como "ícone de beleza" uma doença e sabendo ou não, mexe psicologicamente com a sociedade, em especial com o género feminino. Atingindo mais frequentemente a juventude.
As jovens de hoje em dia evitam comer, dizem sentir-se sempre acima do peso. O que não é de admirar pois nos desfiles das mais conceituadas marcas de todo o mundo dão-nos isto como "corpo ideal":
Vida dentro de caixas
Vejo para lá da janela no jardim a moita de sabugueiro
E há nela algo de rude e algo de negro
E recordo de repente o sabugueiro
Da minha infância em Augsburg.
Por uns instantes penso
Com toda a seriedade se devo ir até à mesa
Pegar nos óculos para ver
Mais uma vez as bagas negras nos ramos vermelhos.”
Dinheiro
O dinheiro compra. A partir do momento em que compro algo, esse algo passa a ser meu, como tal eu possuo esse algo. Passo, portanto, a ser um possuidor de algo, de coisas, de objectos e necessidades. Compro se tenho dinheiro ou apenas por conveniência. Assim sendo, posso também comprar o que dizemos que não tem preço. Posso comprar beleza e, por conseguinte, ser belo pois possuo essa beleza. O mesmo se passa com a felicidade. Tendo dinheiro, acaba tudo por ser possível. Sou feliz porque tenho dinheiro ou tenho dinheiro logo sou feliz? Logicamente, tenho dinheiro, quero felicidade, compro felicidade e sou feliz.
Mas será que possuir é sinónimo de ser? Até que ponto o ter se torna ser e o ser (humano) não é mas tem? A questão passaria a "ter logo existo". Mas será essa felicidade real? Será que interiormente serei mesmo feliz? E não será essa felicidade adulterada? "O dinheiro é o alcoviteiro entre a necessidade e o objecto, entre a vida e o meio de vida do homem." Karl Marx, em Manuscritos Económico-Filosóficos, Não negaremos que o dinheiro, até um certo patamar, não traga felicidade. Traz. Se preciso de algo necessário tanto à minha subsistência como meio de concretização pessoal e tenho dinheiro, porque não? Posso, compro. Agora, quando estaremos a passar o limite entre essa necessidade genuína e apenas possessão?
"O dinheiro não traz felicidade." Ponto final parágrafo. Ponto de interrogação.
"All photographs are memento mori" Susan Sontag
Pinhole realizada no âmbito da disciplina de Fotografia |
Hoje o cinema é uma vítima
A caixa limitadora
O que não se diz é que o terreno no qual a técnica conquista seu poder sobre a sociedade é o poder que os economicamente mais fortes exercem sobre a sociedade. (Adorno e Horkheimer, 2009, p.1)
Podemos então assumir que: Cada qual é um modelo da gigantesca maquinaria económica que, desde o início, não dá folga a ninguém. (Adorno e Horkheimer, 2009, p.4)
Tudo não passa de uma mensagem codificada, que deve comunicada de forma a dominar a nossa mente sem nos apercebermos disso, através do tratamento da realidade observada reduzindo-a à mensagem que interessa ser transmitida pelas cadeias televisivas.
O espectador não deve ter necessidade de nenhum pensamento próprio, o produto prescreve toda a reação. (Adorno e Horkheimer, 2009, p.7)
Desde há décadas, até mais, que a televisão não é propriamente sinonimo de informar mas sim de dominar, agora eu pergunto-me, quanto teremos acesso a noticias realmente verdadeiras e de jeito?
#2 O entretenimento cinematográfico como "restricção" do indivíduo
> MULVEY, Laura, O prazer visual e o cinema narrativo, II - O prazer em forma em olhar a forma humana, conteúdos seleccionados, 1975