domingo, 11 de janeiro de 2015

O Signo

Saussurre entendia a palavra como um signo, uma unidade que, quando organizada numa sequência, forma um discurso. O signo linguístico une a imagem acústica (não se trata do som da língua em si, mas da imagem mental que criamos e associamos ao mesmo) com o conceito (representação mental de um objecto ou realidade social), já que estes elementos estão intimamente unidos. Segundo a semiologia de Saussurre, o signo é portanto uma entidade bifacial composta pelo significado (conceito) e significante (imagem acústica) e a associação de ambos.
Contrariamente a Saussure, Charles Pierce apresenta-nos uma teoria no ramo da semiótica que abrange o signo geral, ou seja, para Pierce o signo pode ser qualquer coisa. Estuda os fenómenos culturais como sistemas de signos, a partir dos quais elabora a sua teoria.
Comparado à teoria de Saussure, a teoria de Pierce baseia-se na tricotomia do signo. Isto é, o Homem significa tudo o que o rodeia numa percepção triádica: é composta pelo signo, pelo objecto e pelo interpretante. O signo não está directamente ligado ao objecto, necessitamos do terceiro componente, o interpretante, para estabelecer a relação entre os dois. O signo só representa um objecto via interpretante, que também se pode tornar noutro signo, que convoca outro interpretante que o levará a outro objecto e assim por diante.
Para Pierce a categoria é um modo lógico de as coisas existirem. Na sua concepção de semiótica ele procura os sentidos em todos os tipos de linguagens possíveis (teoria geral). Por essa mesma razão, ele necessita de modos de produção de sentidos que sejam aplicáveis a todos os fenómenos. Esses tais fenómenos acontecem na consciência do indivíduo segundo três modos de categorias, que são qualificadas como modos de operação do pensamento. Subdividimo-los em três níveis: “Firstness” onde o fenómeno se apresenta à consciência do Homem como acaso. Aqui não existe relação com outras coisas, pois é uma qualidade absoluta e pura. “Secondness” em que se dá a acção e reacção. O Homem procura entender o fenómeno através do estabelecimento de uma relação com alguma coisa. E, por fim, o “Thirdness” que é o momento de interpretar e estabelecer uma relação entre os signos. Trata-se de uma síntese explicativa dos dois níveis anteriores.
Ao contrário de Saussure, Pierce define o signo como a variante, afectada pelas três categorias, encarando-o como algo interpretativo e dinâmico. Desta forma, apenas através da sintetização destas três identidades podemos chegar à semiose. Deste modo, a teoria do signo em Peirce permite integrar a pragmática como dimensão fundamental da semiose, enquanto que Saussure ignora a participação da pragmática na interpretação, uma vez que entende a significação como imanente ao sistema. Em Peirce, a situação enunciativa é exterior à construção do sentido, não intervindo como factor de valor semântico do enunciado. Tem, assim, uma percepção extrínseca de pragmatismo: as significações são dadas pelo sistema. Então, para Peirce, a interpretação é a própria constituição da significação no interior do processo – a constituição da significação e dimensão pragmática da linguagem são inseparáveis.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Wall-E e os desafios éticos da automatização

“A máquina é aquilo pelo qual o homem se opõe à morte do universo…”

Gilbert Simondon

Wall-E (2008) (trailer) é um dos filmes da Disney mais aclamados pela crítica, mais bem cotados no IMDB, e talvez o mais provocador. É tido por alguns como genial e abominado por outros que o consideram propaganda esquerdista. Aborda principalmente dois assuntos que se relacionam: a acção devastadora da ideologia dominante e as implicações da evolução tecnológica.

Em Wall-E, a Axiom, nave espacial gerida pela companhia Buy&Large que transporta todos os seres humanos evacuados da Terra, é uma projecção da acção da ideologia dominante num estado muito avançado, crítico, em que o domínio sobre a sociedade é absoluto e o livre-arbítrio é quase nulo.

Recuso-me a considerar este cenário pós-apocalíptico uma hipérbole porque encontro na actualidade uma série de factores que apontam na sua direcção:

Dentro da Axiom, a marca da Buy&Large é a única e é abundante.

1) Nos últimos anos temos visto pequenas e grandes empresas a aglomerar-se, formando empresas cada vez maiores e mais poderosas. Estamos a ser progressivamente mais dominados por menos pessoas.

Dentro da Axiom, dois seres humanos deslocam-se em cadeiras flutuantes, cada um com um ecrã holográfico à sua frente.

2) A cadeira flutuante em Wall-E surgiu para permitir que a avozinha enfraquecida se deslocasse melhor na Axiom, mas rapidamente se tornou o meio de deslocação primário para todas as pessoas. Isto assemelha-se ao modo como a Internet surgiu para permitir comunicações à distância, e passou a ser uma forma natural de contactarmos com pessoas que nos estão próximas fisicamente. Estamos a esquecer-nos da importância do contacto físico por sucumbirmos à “comodificação como prática ideológica” (John Fiske em Introdução ao Estudo da Comunicação).

3) Essa comodificação não actua só sobre forma como nos deslocamos, mas também sobre como lidamos com a demanda imparável por quantidade de informação. Tecnologias emergentes como o Google Glass exaltam a superimposição de camadas de informação na nossa visão, que já não é suficiente para tomarmos conhecimento do mundo. Somos incapazes de estar desligad@s. (Now Generation, dos Black Eyed Peas, retrata bem este modo impaciente de estar na vida)

4) Há todo um espectáculo maravilhoso da tecnologia, que é sempre vendida como proporcionadora de grandes emoções, como já acontece no presente (tomemos como exemplo este vídeo de divulgação do mesmo Google Glass).

“Com a valorização do mundo das coisas aumenta em proporção directa a desvalorização do mundo dos homens”

Karl Marx (1993) «O Trabalho Alienado» in Manuscritos Económico Filosóficos. Lisboa: Ed. 70.

A ironia do filme reside no facto de os dois robots Wall-E e EVE serem as duas únicas personagens que demonstram initmidade e se preocupam com a vida e com o amor. A própria humanidade já não sabe porque vive.

Como chegaram àquela situação?

Nesta TED Talk, Jeremy Howard apresenta-nos a tecnologia do deep learning de forma muito clara, à parte o facto de não ir para além dos benefícios a curto e médio prazo, ignorando completamente as implicações a longo prazo. Foi uma óptima oportunidade para alertar as pessoas para a importância de se pensar estes assuntos, desperdiçada.

A substituição da mão-de-obra humana por maquinaria tem possibilitado à minoria dominante enriquecer ainda mais, anulando progressivamente as fontes de rendimento da maioria explorada e acentuando o desequilíbrio na distribuição da riqueza.

O documentário Humans Need Not Apply, por C.G.P. Grey, mostra-nos as implicações da automatização do trabalho e mostra-nos de que forma esta revolução inédita já está a decorrer, deixando-nos uma pergunta final alarmante: “o que fazer num futuro em que, para a maioria dos empregos, os humanos não são elegíveis”? Wall-E apresenta-nos uma resposta possível a esta pergunta.

“I was going with just the logic of what would happen if you were in a perpetual vacation with no real purpose in life.”

Andrew Stanton, realizador de Wall-E, em entrevista

E depois de Wall-E, por onde começar a reflexão?

A minha opinião pessoal sobre o desenvolvimento tecnológico foi muito influenciada pelas ideias de Baudrillard e Paul Virilio, por alguns rotulados como tecnopessimistas. Baseio-me na ideia de que a associação entre “rápido” e “melhor” é falaciosa para questionar esta cultura de aceleração constante e irreversível em que vivemos, em que se valoriza dogmaticamente a velocidade. Os benefícios da velocidade e do “mais fácil” são apenas miragens agradáveis deduzidas de uma projecção a curto prazo — a longo prazo os seus resultados são simplesmente desastrosos. A velocidade infinita é o fim de tudo. O que nos espera no final do caminho da aceleração é não mais do que o fim.

No entanto, já existe muito trabalho feito nesta área da pós-humanidade, da futorologia, do transhumanismo e das questões filosóficas e éticas que acarretam, e uma brevíssima pesquisa sobre estes temas fez tremer as minhas convicções sobre o progresso tecnológico: em comparação com toda esta investigação, são tão ínfimos os conhecimentos e leituras em que estão fundamentadas as minhas opiniões, que me sinto tentado a considerá-las crenças.

Wall-E e Humans Need Not Apply são apenas um forte primeiro alerta para a urgência de pensar o futuro da humanidade. A partir daqui o caminho é aprofundar estes temas, discuti-los e divulgá-los. Ou queremos caminhar às cegas em direcção a um futuro desconhecido...?

Padronização de Bens

Hoje em dia, se entrarmos num hipermercado, vemos que cada secção está subdividida em subsecções, que se associam a um produto em geral, mas se representam como um completamente diferente.
Esta variedade e diversidade de produtos é considerada, por muitos, beneficiária do mercado e do consumidor.
Contudo, na obra “Indústria Cultural” de Adorno e Horkheimer são abordadas questões que levantam dúvidas sobre esses “benefícios”.
Na verdade, para Adorno, o facto de a nossa sociedade ser regida pela lei do mercado, fez com que nós nos esquecêssemos dos valores humanos em troca de poder económico. Queremos tanto atingi-lo que acabamos por criar uma individualidade que carece assim dos valores humanos, sobrevalorizando o capitalismo.
O Homem perde a autonomia, transformando-se num mero instrumento de trabalho e consumo e tudo o que ele fará será consoante a ideologia dominante. Ele não pensará na sua escolha, pois automaticamente já está direcionado para a mesma.
O mercado trata o consumidor como um objecto que consome objectos. Isto é, são feitos inúmeros estudos nos mercados para saber as grandes áreas em que há mais consumidores, como se eles não passassem de um mero “mapa”.
Os bens são padronizados para a satisfação de necessidades iguais, as distinções são acentuadas, assim como a hierarquia de qualidades.
Na realidade, até o consumidor já está padronizado e segmentado a certo produtos. Nós compramos automaticamente aqueles que achamos que é para nós.
A segmentação mais distinta dos produtos é entre o géneros: feminino e masculino, como por exemplo nos champôs.
Mas esta separação e distinção não passa só por aí, temos ainda a separação por tipos de cabelo e ainda por marcas (qualidade).
Nós, como consumidores, estamos automatizados, no âmbito da cultura industrial, a escolher automaticamente o produto ideal para nós e consoante as nossas posses.
Uma mulher com os cabelos pintadas, deverá escolher um champô para cabelos pintados e também irá ter em conta a qualidade do mesmo (marca), consoante a quantia que poderá gastar.
O consumidor está tão direcionado que se calhar, até haverá um produto que será melhor para ele, mas ele não dará conta, o consumidor já nem pensa por ele mesmo.
O consumidor é resumido a estatísticas e mapas de consumo, que são levados a cabo por estudos no mercado.

Levando a pensar que nós somos objectos dos bens que compramos e produzimos, criando uma alienação de nós mesmos, revendo a nossa função neste mercado e sociedade capitalista.

Género Musical ou Identidade?

Fará a música que ouvimos alguma diferença no nosso carácter? Tenho vindo a reflectir sobre este assunto, que digo desde já, está interligado com o amplo preconceito causado por estereótipos a que todos estamos sujeitos. 
Julgados, apedrejados pela sociedade, onde estão inseridos os próprios elementos familiares, parece descabido, mas na verdade não é.
Se ela ouve aquilo, se ele ouve isto, parece que a música também se apresenta como barreira a um processo de comunicação que está inerente à nossa condição, à nossa condição de ser que apesar de alienado insiste em não viver separado de tudo e todos.

Tomando o exemplo dos fãs de um novo estilo musical, desta maneira o classifico pois assume-se como uma mudança e desajuste à nossa cultura portuguesa, apesar de já trazer consigo a história de um país, a Coreia do Sul, falo então, da cultura popular sul coreana concretizada numa única palavra K-Pop (A letra "K" que advém do Inglês "Korea" juntamente com a palavra abreviada "Pop" - "Popular"), é onde se insere também o seu estilo de música próprio, tal como nós temos o Fado e, agora mais recentemente, o Cante Alentejano, como património cultural.

Nós, seres humanos, temos tendência para temer o desconhecido, repelir o que nos é estranho, o que está separado de nós, o que nos rodeia, a surpresa no primeiro instante é inevitável pois o medo daquilo que não adquirimos é físico e sensível, inexplicavelmente involuntário, e provoca-nos as mais variadas sensações, porque a arbitrariedade que nos está implícita torna tudo imprevisível, e isso devia fascinar-nos, mas o contrário é normalmente a regra. Esse medo torna-se rapidamente em preconceito que por sua vez advém de estereótipos que se impõem pela sua credibilidade e não pela sua verdadeira índole, o que faz com que o racismo seja completamente ridículo.

Racismo, é um termo forte sem dúvida, mas é extremamente aplicável ao exemplo que dei anteriormente, os fãs deste tipo de música são verdadeiros guerreiros em campo, trazer para o seio familiar este tipo de cultura totalmente distinta da nossa, tanto no mapa como na música, chega a ser doloroso, eu diria até dramático, se é que me permite o exagero, a aceitação não é de todo fácil ou bem sucedida, o impacto é grande e muitas das vezes leva à própria descriminação familiar; para justificar tal afirmação vou tomar como exemplo a minha própria situação pessoal, «gostar de ouvir músicas de olhos em bico "é lixado"» - peço desde já desculpas pelo infeliz termo utilizado, mas não tenho qualquer outra palavra para o descrever, a não ser uma de calibre mais elevado, mas não quero causar distúrbios e muito menos escrever qualquer tipo de injúria - começando pelo termo "olhos-em-bico" que se torna generalizado a todos os povos asiáticos, já por si depreciativo quando dito com uma expressão de repulsa ainda se torna mais notória a dificuldade na aceitação de uma realidade, que também está presente no mundo em que vivemos, ou pelo menos está assinalada no mapa. Para além da panóplia de alcunhas atribuídas a um povo que apresenta qualidades distintas de tantos outros povos asiáticos, existe também a barreira da linguagem, essa sim, oferece uma resistência tremenda, enquanto que a anterior sendo ignorada é facilmente ultrapassada - "O quê? Tu ouves isto? Não se percebe nada do que eles dizem..." - eu acho extremamente engraçado este tipo de comentários, porque numa primeira análise, sim, eu oiço músicas sobre as quais não tenho qualquer entendimento acerca do dialecto nelas presente, mas o que faz com que esse tipo de constatação, mais uma vez repulsiva, não seja um ataque válido, é que na música, tal como na imagem, estão inseridas múltiplas mensagens, muitas das vezes as músicas aparecem também acompanhadas com os seus respectivos conteúdos visuais, os tele-discos, os famosos videoclips, o que pressupõe uma interpretação variada, não só ao nível do entendimento linguístico como da compreensão de sonoridades e das próprias sensações causadas por determinado aglomerar de sons, repetidos ao longo de uma média de 3:00 e 5:00 minutos. O instrumental convive em separado com a letra, são duas mensagens diferentes, apesar da última esclarecer a primeira. Provando assim o quão infrutífero é o esforço para proporcionar o afastamento dos nossos sentidos à nossa compreensão. A barreira linguística é o argumento mais forte, mas os seus alicerces não são seguros. Quando éramos pequenos era fácil movermos-nos ao som de qualquer coisa que se parecesse com um êxito musical, fazíamos questão de perceber a letra? Não, estávamos simplesmente a expressar o que aquele som nos fazia sentir, alegria. É isso que eu sinto em relação ao K-Pop, sou da opinião que a música deve ser sentida, compreendida através dos sentidos e não do entendimento científico-linguístico que está presente na letra de determinada canção.

O K-Pop, tem várias dinâmicas, cores, estilos, mas o facto de ser conteúdo asiático, para muita da gente, já é prejudicial, muitas das vezes, a pressão é tão exacerbada que o indivíduo desiste do seu próprio sonho e da sua paixão, do ritmo da música que lhe corre nas veias, para ceder aos caprichos de uma sociedade que se baseia na boa publicidade e não na enriquecedora diferença cultural que se estende a todos nós.

A obra de arte na era da sua reprodutibilidade técnica

Hoje em dia temos acesso a quase tudo. Para “vermos” uma obra de arte já não temos necessariamente que nos deslocar até ela, basta-nos procurar pelo nome da mesma no google, aparecem logo mil e uma imagens. Mas o que distingue estas últimas da obra original?

As peças originais têm uma aura, são autenticas. Walter Benjamin, no seu ensaio A obra de arte na era da sua reprodutibilidade técnica, define o conceito de aura como uma figura singular, composta de elementos espaciais e temporais: a aparição única de uma coisa distante, por mais perto que esteja. No entanto quando estamos perante uma reprodução de uma obra de arte, esta aura desaparece. A obra de arte sempre foi reprodutível pelo homem, mas com a evolução tecnológica e a introdução de processos como, primeiramente, a xilogravura, seguindo-se da impressão, litografia e fotografia, este processo torna-se muito mais fácil e rápido. Assim, a noção de arte mudou completamente. O trabalho minucioso dos artistas é então substituído pela rapidez das máquinas e a arte passa a ser produzida para as massas. 

As constantes reproduções de uma obra como por exemplo Mona Lisa, diminuem parcialmente a sua aura, mas não a anulam, esta continua presente na versão original. Assim esta célebre obra de Leonardo da Vinci, que se encontra no museu Louvre em Paris, continua a atrair milhares de pessoas diariamente a deslocarem-se ao local para a observar, na sua singularidade e autenticidade. O prazer estético aqui é inúmeras vezes superior à sensação que o espectador teria ao ver uma fotografia da mesma obra no seu ecrã de computador, num panfleto, ou mesmo numa reprodução impecável da mesma.

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Segredo

Segredo

O segredo é uma ideia, uma ilusão posta nas nossas mentes para nos sentirmo-nos mais seguros, e exactamente igual a segurança dos aeroportos, a mesma que não deixa passar pistolas nem armas, e esquecesse de não deixar passar os carregadores do telemovel, no final de contas tudo é possivel, se um humam desejar, sem limitis a sua conciencia, matar um piloto ou passageiro, ele ir façelo, sempre pode estrangular lo só com um fio apenas. E apesar essa 'segura existir', o piloto encontraria-se morto. A illução de segurança existe para por as mentes humanas relaxadas. O mesmo assim se passa com a definição de segredo que tem vindo se a mostrar completamente falsificada.

O ser humano quer controlar, ter o poder de por as pessoas a pensar no que eles querem que elas pensem em, isto turnase fácil usado as palavra, fazendo que as pessoas não usem um determinado tipo de discurso. Pois nós pensamos com palavras, e os nossos sentimentos ideias iram ser exprimidas com as mesma. O seja, se estamos treinados a usar certo tipo de palavras, iram ser essas que nos firam a cabeça quando assim quisermos dizer algo.

A expressão 'Oh meu Deus' serve como por exemplo, pessoas usam na diariamente, até aquelas que não acreditam nesse 'Deus' mas estamos numa sociedade que quer que nos acreditemos, agora talvez nem tanto, porem a palavra e utilizada de bouca em bouca.

A Biblia serve para meter medo as pessoas, para polas a fazer algo, para controlar, que prova maior existe do que por uma pessoa fielmente a acordar cedo todos os domingo para ir a uma igreja, do que esta

A politica serve para controlar.

Topicos diferentes servem para destrair

e o segredo serve para uma pessoa sentirese nada mais nada menos do que segura, calma.

O que claramente é errado, pois um segredo deija de ser segredo no preciso momento que sai dos nossos labios, e é passado para outra pessoa 'consegues manter um segredo?' é a maior prova delas todas. O ser humano existe para viver em sociadade, aqueles que consegue se excluir e viver em armunia da humanidade são grandes exesoes que de facto merecem merito, mas a questão é que a maioria teme a solidao, teme ser anti social, e deseja partilhar viver, contar. De certo modo quer tirar da sua alma o pesso que carrega por não conseguir partilhar, tendo assim a vontade subita de contar o seu segredo que nunca existiu no primeiro lugar porque fora criado para ser dito.

Não se pode dizer que o bebe dentro da barriga da mae não era um menino só porque ela ainda não sabia o sexo dele. Quis manter segredo. E aqui esta, quis, mas sempre sabendo que iria descobrir no final.

Poderam pessoas dizer que isto não é bem verdade, que elas nunca partilharam os seus supostos segredos com ninguem. esse segredo infulvia alguem? então segredo não, mas se duas pessoas tem o mesmo segredo continua a ser segredo?  como dizem 'é o nosso segredo' que acaba por ser uma desculpa de oucultar um facto.

E oucultar um facto não é bem um segredo, como os que dizem que não mentiram, só oucultaram, isto é verdade, mas esses não dizem que era um segredo tambem.

Ditadura da Magreza (2º comentário)

  Escolhi, como tema do meu segundo comentário a anorexia no "mundo da moda" e as suas consequências no mundo real. Também irei tocar levemente no tópico do papel da Barbie, entre outros brinquedos, para o contributo do aumento de casos na doença.

 Quero esclarecer que, não pretendo desrespeitar as pessoas magras, pois estaria a desrespeitar-me a mim mesma. Neste texto, refiro-me apenas às mulheres/raparigas que procuram voluntariamente a extrema magreza. Não critico as que são muito magras porque lhes está no sangue e é algo genético (de família).

 Cada vez é mais frequente ver-se casos de anorexia, uns por falta de alimentos em comunidades por todo o mundo e outros não por falta de alimentos mas por restrições que lhes são impostas ou que impõem a si mesmos.
  O aumento de casos deve-se, na maioria das vezes, ao "mundo da moda" que nos apresenta como "ícone de beleza" uma doença e sabendo ou não, mexe psicologicamente com a sociedade, em especial com o género feminino. Atingindo mais frequentemente a juventude.
  As jovens de hoje em dia evitam comer, dizem sentir-se sempre acima do peso. O que não é de admirar pois nos desfiles das mais conceituadas marcas de todo o mundo dão-nos isto como "corpo ideal":

  Como consequência, em 2006, por exemplo, houve enumeras mortes na moda relacionadas com a anorexia.
  Em 2007, devido ao "massacre" do ano anterior, estabeleceu-se, em algumas marcas de renome, um mínimo de massa corporal admissível para que uma modelo pudesse desfilar.
  Apesar dos avanços já conseguidos, e apesar de já haver marcas a usar modelos com um peso considerado o normal, ainda não é suficiente, pois estas marcas são uma minoria que ainda não fez grande impacto nem diferença.

  Mas esta noção de um ''corpo ideal'' na mente da sociedade, não provem só da moda e dos desfiles. Esta noção já nos é implementada na mente, de uma forma subliminar, durante a nossa infância.
A forma mais comum é através dos brinquedos, nomeadamente através das bonecas.
  Por exemplo, a Barbie, um corpo e uma beleza irreal e quase bizarra, transmitindo às crianças um "nível ideal" de beleza completamente errado. O que explica o facto de muitas dessas crianças ficarem obcecadas com a magreza na altura da adolescência, ou até um pouco antes. 
Obceção que pode durar uma vida ou ser passageira...


 Existem claro, diversos exemplos que somando a tantos outros que nos aparecem durante o crescimento vão afastando a idealização física da linha do real e possível.
  


Vida dentro de caixas

Estamos rodeados por caixas. Talvez nos deixámos rodear por elas. Vivemos constantemente dentro de áreas paralelepipédicas, feitas à nossa medida ou talvez às quais nos habituámos. Vivemos fechados, isolados, presos.
Na nossa simples rotina de acordar, tomar um duche, o pequeno-almoço e depois entrarmos no nosso carro ou em outro qualquer meio de transporte, em todos esses espaços são visíveis quatro estruturas à nossa volta, que nos cercam. Ficamos aconchegados a estes sólidos, parece que nos sentimos reconfortados, estando presos e escondidos de todos os outros. Trocamos as relações humanas, deixamos isso em função de tudo o que nos rodeia, de todos os objetos aos quais damos mais importância. Alienamo-nos com eles, deixamo-nos alienar por eles. Substituímo-nos por objetos.
Adorno e Horkheimer referem um pouco esta ideia no livro Dialética do Esclarecimento, onde criticam a arquitetura do pós-guerra, os complexos habitacionais denominados de “máquinas de habitar”, em que as construções atingem um nível de funcionalismo levado quase ao seu extremo, um hiperfuncionalismo. Tudo isto projeta um estilo de vida que parece perfeito, mas que só nos ocupa a mente com objetos e marcas, enquanto nos vamos cada vez mais achando estranhos, afastando-nos e escondendo-nos das pessoas que nos rodeiam.
Os objetos inventados entretêm-nos tão completamente, que esquecemos toda a pureza e toda a essência que também está perto de nós.


“Tempos Difíceis

De pé no meu escritório
Vejo para lá da janela no jardim a moita de sabugueiro
E há nela algo de rude e algo de negro
E recordo de repente o sabugueiro
Da minha infância em Augsburg.
Por uns instantes penso
Com toda a seriedade se devo ir até à mesa
Pegar nos óculos para ver
Mais uma vez as bagas negras nos ramos vermelhos.”

Bertolt Brecht


Deixamos de olhar a simplicidade, a Natureza, porque o nosso olhar foca-se inconscientemente no que nos produz um entretenimento mais facilitado.


“Ao sair de casa, gosta de ver árvores, porque numa sociedade onde os homens são «objetos de uso» as árvores ainda conservam algo de autónomo e por isso tranquilizante (Roberto Calasso)”.

Dinheiro

"O dinheiro não traz felicidade."

O dinheiro compra. A partir do momento em que compro algo, esse algo passa a ser meu, como tal eu possuo esse algo. Passo, portanto, a ser um possuidor de algo, de coisas, de objectos e necessidades. Compro se tenho dinheiro ou apenas por conveniência. Assim sendo, posso também comprar o que dizemos que não tem preço. Posso comprar beleza e, por conseguinte, ser belo pois possuo essa beleza. O mesmo se passa com a felicidade. Tendo dinheiro, acaba tudo por ser possível. Sou feliz porque tenho dinheiro ou tenho dinheiro logo sou feliz? Logicamente, tenho dinheiro, quero felicidade, compro felicidade e sou feliz.

Mas será que possuir é sinónimo de ser? Até que ponto o ter se torna ser e o ser (humano) não é mas tem? A questão passaria a "ter logo existo". Mas será essa felicidade real? Será que interiormente serei mesmo feliz? E não será essa felicidade adulterada? "O dinheiro é o alcoviteiro entre a necessidade e o objecto, entre a vida e o meio de vida do homem." Karl Marx, em Manuscritos Económico-Filosóficos, Não negaremos que o dinheiro, até um certo patamar, não traga felicidade. Traz. Se preciso de algo necessário tanto à minha subsistência como meio de concretização pessoal e tenho dinheiro, porque não? Posso, compro. Agora, quando estaremos a passar o limite entre essa necessidade genuína e apenas possessão?

"O dinheiro não traz felicidade." Ponto final parágrafo. Ponto de interrogação.


"All photographs are memento mori" Susan Sontag


A fotografia serve para gravar um momento morto, uma memória, uma recordação aos vivos de que a vida é curta. Já nos aconteceu a todos olhar para uma fotografia, não conhecer o que está formalizado, mas em termos de percepção reconhecer quais são os objectos nela representados, ou, no caso abaixo ilustrado, de que o motivo capturado são pessoas. Ou seja, de acordo com o exemplo abaixo, apesar da pessoa fotografada, nos ser anónima, desconhecida e de nunca nos termos cruzado com ela ou convivido no mesmo espaço, apercebemo-nos e somos capazes de a reconhecer como tal, como um ser humano, devido às características anatómicas e morfológicas que nos são comuns. A partir de um olhar minimamente atento, o sujeito é capaz de identificar na imagem dois perfis do mesmo indivíduo, minimamente marcados, e uma outra mancha, mais ténue, que os enquadra e representa uma vista frontal do mesmo motivo. Enquanto Saussure esclarece o signo enquanto unidade atómica e o subdivide numa dimensão material e noutra conceptual, Roland Barthes também o procura fazer com a fotografia de um modo totalmente distinto do primeiro. Passo a explicar. Barthes associa o significado ao que foi colocado para ser fotografado e o significante aos objectos depois de fotografados, às manchas cromáticas que criam a imagem. Deste modo, esta percepção que somos capazes de fazer, de identificar no objecto a forma de um ser humano que nunca víramos, é devido ao referente que está no próprio objecto fotográfico. Como tal a fotografia é uma imagem literal denotada e icónica não codificada, pelo que não lhe está implícita uma noção de cultura. Ou seja, segundo Barthes há uma mensagem sem código, há uma possibilidade de comunicação, pela imagem fotográfica, que não implica qualquer tipo de código. 

Pinhole realizada no âmbito da disciplina de Fotografia



Hoje o cinema é uma vítima



Hoje os produtos culturais ganham uma linearidade sobre o consumidor. Uma nova forma objetiva de focar e paralisar sentido de pensamento. Hoje, o espectador ingenuamente guia-se pela sequência de imagens e sons, que nem o deixam passar pelo intervalo da imaginação nem na sua própria reflexão. Os consumidores estão “presos” a uma informação visual que corre nos nossos olhos, sem se aperceber que esse mesmo conteúdo tenha algum ou nenhum enriquecimento intelectual. Apenas tem no sentido da sua própria constituição objetiva. Ou seja, a maioria das massas quase que retém um interior do conteúdo “inculcado”, não existindo recorrência à imaginação ou compreensão da mensagem. O cinema hoje é uma vítima desse tipo, é um sector cultural que está preso e absorve o “dom de observação”, que impede desta maneira existir qualquer tipo de “atividade intelectual do observador”. As massas tão envolvidas que estão nesse universo artificial, elas nem precisam de observar os “efeitos particulares” da própria realização do filme, porque elas próprias estão habituadas e familiarizadas com os vários pontos de atenção de um enredo comum. Portanto, para os consumidores já é comum este género de desempenho exigidos pela atenção do conteúdo ao público. Apesar desta problemática, os clássicos cinematográficos que permaneceram na história, quebram esta geração de filmes, que partem para “a violência da sociedade industrial instalou-se nos homens”. Não é o caso do filme 2001: Odisseia no Espaço de Stanley Kubrick de 1968 que nos deixa a divagar e a refletir sobre pontos que são importantes no que toca ao conhecimento e ao desenvolvimento de nós seres humanos. Abre-nos o pensamento para além da observação. A mensagem do realizador não é suficiente para especular o nosso pensamento. Ele ramifica-se ao longo do filme, o nosso psicológico transporta-nos para uma contemplação através da sua banda sonoro, porque o facto de quase nem existir diálogo, o poder do filme passa à imagem visual, ou seja, à grande importância da reflexão.


A caixa limitadora



Ligamos o botão da “caixa mágica” e logo começa o espetáculo dominador e controlador. Se repararmos bem, a grande fatia da produção noticiosa é composta por notícias de carácter político, económico e religioso, resultado do fator mais importante para esta indústria, o fator económico. O que importa são as audiências e o lucro e para isso as notícias tratam-se do “que o povo quer”, do “espetáculo da sociedade”, nem que isto implique repetir a mesma “notícia” vezes e vezes sem conta até à exaustão.

O que não se diz é que o terreno no qual a técnica conquista seu poder sobre a sociedade é o poder que os economicamente mais fortes exercem sobre a sociedade. (Adorno e Horkheimer, 2009, p.1)

Podemos então assumir que: Cada qual é um modelo da gigantesca maquinaria económica que, desde o início, não dá folga a ninguém. (Adorno e Horkheimer, 2009, p.4)

Tudo não passa de uma mensagem codificada, que deve comunicada de forma a dominar a nossa mente sem nos apercebermos disso, através do tratamento da realidade observada reduzindo-a à mensagem que interessa ser transmitida pelas cadeias televisivas.

O espectador não deve ter necessidade de nenhum pensamento próprio, o produto prescreve toda a reação. (Adorno e Horkheimer, 2009, p.7)

Quantas vezes ligamos a televisão e assistimos a notícias de carácter artístico, ou a notícias que realmente tragam algum ânimo ao nosso dia-a-dia? São poucas as vezes, pois as noticias repetidas sobre os políticos e todas as chachadas em volta deles aumentam claramente o nosso nível cultural, porque mostrar os idosos lá da terrinha a dizerem que o assassino até era boa pessoa e que lhe davam de comer quando este andava em fuga é claramente o que interessa quando a notícia inicial se tratava de vidas ceifadas; espetáculo ao povo é o que se quer, “vender” algo até a exaustão dominando até as conversas que ouvimos entre as pessoas logo que saímos à rua é realmente o que melhora a nossa sociedade. Uma sociedade dominada por reality shows sem escrúpulos, noticias sobre políticos que apenas revelam o que importa para atingir audiências, noticias repetidas à anos e anos sobre a suposta crise que nada tem a ver com interesses maiores e sobre a religião, a qual obviamente apenas visa ao bem-estar dos crentes e não em curva-los perante mensagens que agradam ser incutidas dissimuladamente para que a sociedade funcione e se comporte da maneira que a industria e os grupos poderosos económicos querem, da maneira que dá lucro.

Desde há décadas, até mais, que a televisão não é propriamente sinonimo de informar mas sim de dominar, agora eu pergunto-me, quanto teremos acesso a noticias realmente verdadeiras e de jeito?

#2 O entretenimento cinematográfico como "restricção" do indivíduo





Um indivíduo, cidadão comum da sociedade moderna, chega a casa pós um dia de trabalho exaustivo e procura um momento de sossego e descanso. Este substitui o fato por roupa mais confortável e senta-se no sofá, ligando a televisão e passando de canal em canal até encontrar um filme que lhe seja minimamente interessante. Como um entusiasta cinematográfico, membro dos chamados cineclubes, e frequentador de encontros para discussão cinematográfica, este conhece uma vasta colecção de filmes que considera “autênticas obras de arte” e seus realizadores como “indivíduos fora de série”, até mesmo “génios”. A escolha do filme que vai ver depende estritamente do conhecimento prévio que possui das obras que já viu.

Muitos destes filmes, são pouco conhecidos e normalmente com pouca cobertura demográfica. Filmes considerados “alternativos” são objectos de temas altamente radicais, outros de temas humanísticos e que desafiam o pensamento humano através de técnicas e elementos muito subtis. Este tipo de cinema faz frente ao cinema mais actual, dedicado exclusivamente ao entretenimento e maior cobertura possível das massas. Os filmes dispostos nos posters de exibição às entradas das salas de cinema são de géneros variados, indo desde acção, a policiais, histórias românticas e comédias. No entanto, estes filmes servem unicamente o propósito de entreter o indivíduo e em outra vertente, fazem parte de um grande negócio. Estes não colocam-lhe questões que desafiam as concepções e princípios pelos quais o psicológico humano se orienta no seu quotidiano.

É um facto que o filme é capaz de submergir o indivíduo no mundo que projecta. A linguagem nele presente tem uma correspondência na realidade, razão pela qual o público é capaz de se rever no filme e subconscientemente “viver” na acção do filme e nos espaços que este cria; o que é uma forma de entretenimento passa a ser uma forma de restricção do consciente humano; rápida, subtil e eficaz. Isto aplica-se também ao chamado cinema alternativo, que apesar de se contrapor ao cinema demograficamente dominante, fecha o indivíduo na dimensão conceptual e psíquica que o filme apresenta. Aliás, estes filmes são capazes de causar atrofio completo da mente do indivíduo. Filmes os quais apresentam histórias estranhas, obscuras e muitas vezes sem sentido ou conclusão definitiva apoderam-se do indivíduo provocando o questionamento dos seus ideais, das suas crenças e da sua noção que tem do mundo.

Estas obras certamente exercitam a actividade de pensamento e alargam os horizontes humanos, mas acabam por fazer exactamente o que os filmes de puro entretenimento fazem: restringem o indivíduo numa dimensão análoga à da realidade, diferenciando destes pelo facto de colocarem situações e questões que põem em causa a condição do indivíduo e da sua posição perante a sociedade e o mundo.

Referência de base:
> MULVEY, Laura, O prazer visual e o cinema narrativo, II - O prazer em forma em olhar a forma humana, conteúdos seleccionados, 1975